segunda-feira, 11 de abril de 2011

What about Pina Bausch?

Minhas impressões e afetos sobre o espetáculo "Ten chi" que a Companhia Tanztheater Wuppertal - Pina Bausch apresentou no Teatro Municipal nos dias 5, 6, 7 de abril.

A comunicação que eu estabeleci com a obra desenrola-se no âmbito do sensível, do afeto, da multiplicidade dos meus corpos, passando pouquíssimo pelo mental, pelo inteligível. Difícil manter uma comunicação que passa por todos esses lugares tão pouco exercitados por nós, sujeitos contemporâneos. Mas fiquei lá, dialogando com  o espetáculo ininterruptamente (parando apenas no intervalo para fumar um cigarro e tentar começar a digerir tudo que estava acontecendo ali) durante duas horas e cinquenta minutos. Chorava, ria, chorava de novo, gargalhava.....
As balas são certeiras, mesmo que os atingidos as recebam de inúmeras formas diferentes, todas chegam. Não só o que vem pelo movimento, mas também pela música, pelo cenário,  ( a imponente cauda de baleia, a chuva de isopor-flor de cerejeira-neve-bolha de sabão), pelos figurinos com suas cores e texturas, pelas palavras. Tudo está. Cada novo elemento é bem vindo e faz sentido. Não sei explicar como e nem porque.
Fiquei pensando sobre como seria esse processo criativo que atinge plenamente esse universo dos afetos, do sensível, que me faz entender o que o signo das palavras não dá conta de dizer. E me faz lembrar desse outro pedaço de mim, de outro aspecto humano que está vivo, que compreende e comunica. Um outro corpo, um outro saber, um amplo sentir.
O espetáculo passeia por levezas, densidades, humor, angústias, fraquezas e fortalezas. E nos leva junto. Para o Japão e para o profundo oceano e para outros lugares que não tem nome, mas tem cor, som e movimento,  numa viagem memorável.

4 comentários:

  1. E por falar em lugares, somente a Arte é capaz de trazer esse deslocamento ?

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  2. Acho que sempre que algo te conduz a esse deslocamento esse "algo" tem, pelo menos, uma pincelada artística.
    Algumas religiões podem favorecer esse deslocamento também. Mas aí, as coisas são justificadas pela fé e pela filosofia de cada religião....
    Alguns processos terapêuticos podem te levar a habitar outros corpos também. Mas aí é uma experiência sua e não se estabelece uma ponte de comunicação como acontece entre espectador e obra. Enfim.
    Por enquanto a possibilidade que eu vejo é pela arte mesmo.

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  3. BiaBia,
    fiquei com muita vontade de assistir após ler seu texto... que incríveis essas sensações!!
    pena que não está mais em cartaz.
    monte de beijos saudosos e cheios de Amor,
    manu colker

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