domingo, 24 de novembro de 2013

Domingo

Sob o silêncio cinza refeito
No céu que anuncia novembro
Eu choro todas as dores
Sinto todas as faltas
E afogo o corpo em solidão de domingo

Eu hoje me despedi de uma vida inteira
Visitei cantos antigos
Onde quis voltar a morar,
Mas já não cabia em velhos espaços

Caminho nômade pelas calçadas molhadas
De uma cidade que não me habita
Tenho frio, sono e febre
Já não há verão que me esquente

Congelo os ossos na casa vazia
Enquanto escuto as vozes de família
Do outro apartamento

Não me comovo
Além da saudade do que não vivi

Fui filha única do sol de agosto
E chovia.

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