segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Do tempo de agora

A cada dia eu morro
Um pedaço
Fio a fio
Passo a passo
No pouco que sobra
Um corpo que resta
Morto-vivo-morimbundo
Rasteja
Disfarço
Desfaço a carne e
Cavo-me um buraco
Por entre as costelas
Jazigo de mim
Eu hoje
Morri assim
A morte mais bela
Que pude criar
Eu hoje
Cantei para o não
Mais pensar
Sorri para parar
De chorar
De mais a mais
A vida que se segue
E não se sente
Carrego no ventre
O resíduo
De todos os homens
A gota
De todas as chuvas
O pingo de verdade
Em todas as mentiras
As vozes que entoo
E não são minhas
Todas as coisas que deixei para trás
Vou tentar outro voo
Queimar as cinzas de outro
Espaço
E deixar arder as asas
Refeitas dos retalhos
Das fantasias
Dos carnavais passados.

Um comentário:

  1. Oi, Bia. Quanta beleza aqui no seu blog. Palavras lindas. E como escreveu Drummond: Vísceras imensas, tripas sentimentais e um estômago cheio de poesia.
    p.s. te mandei uma mensagem, sobre o blog, lá no facebook.
    1beijo

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