sábado, 8 de outubro de 2011

Encomenda

CARTA DE AMOR (E ÓDIO) / ou poesia que não devia ser poesia

Eu gosto das pessoas que carregam fardos pesados,
do sorriso
e da lágrima também
Leveza em demasia
cedo ou tarde
me incomoda, dá sono,
irritação e náusea.
Eu amo as asneiras
e o desorganizado.
Quando tudo está em paz,
eu me jogo no olho do furacão.
Para mim, nada mais harmônico.
Eu não sobrevivo sem paixão.
Eu amo gatos, girafas e lhamas.
E não tenho muita confiança em mim.
Não nesse mundo.
Eu tenho muita ansiedade,
roo as unhas,
bebo demais,
fumo demais.
As vezes eu como linhaça,
semente de girassol e tomo suco de luz.
Nunca dura muito tempo.
Eu já assisti
“Brilho eterno de uma mente sem lembranças”
mais vezes do que posso lembrar.
Eu já li
“Tabacaria”
mais vezes do que devia.
Eu gosto de bafo de uísque.
Eu amo uísque.
Sou careta, preconceituosa (para me poupar do que já sei que não vou gostar),
e borderline.
Nem lá, nem cá.
No caminho do meio muito menos.
Minha intensidade não me permite
e me permite demais.
Oscilo mais do que gostaria.
Sou contraditória
até dizer chega.
E amanhã vou
achar tudo isso uma grande besteira.
Eu devo muita coisa
ao “Menino do dedo verde”.
Eu tenho muito medo
de avião.
Acho que um dia eu vou ter um ataque
dentro daquela cápsula voadora
e não vou poder
botar a cabeça pra fora da janela
pra pegar um ar
e nem fumar um cigarro.
Sou imediatista
e acho que esse é meu
pior defeito.
Eu sonho demais
eu amo demais
eu falo alto
demais.
Meu joelho é torto
eu quebro tudo que ponho a mão
tenho 1,5 % de graciosidade
e, mesmo assim,
eu danço
as vezes.
Não faz sentido
se não houver movimento.
Não faz sentido
se não for intenso.
Ah.
Eu tenho os melhores amigos do mundo.
Minhas palavras preferidas
são: pacote, fronha, polaina, cumbuca.

You don't know me
Bet you'll never get to know me
You don't know me at all
Feel so lonely
The world is spinning round slowly
There's nothing you can show me
From behind the wall

2 comentários:

  1. De tudo que é nego torto,
    Ela é mangue no cais do Porto.
    Entra no caos com medo de sair,
    por estabelecer seu território,
    no instável e transitório.
    Não tem chão.
    Pisa torto com pé de quem fuma,
    de uma em uma,
    Encaretar um pacote de não saberes.
    Na alma um Lhama que veste polainas
    Está ensandecida,
    procurando a saída,
    Do corpo que não lhe cabe no peito.
    Sorriso (in)perfeito,
    Uma vida no ventre,
    Um casal olhando por trás,
    Milhares de escolhas fugaz.
    Foge na chuva e não olha pra trás,
    Se assusta,
    Me usa,
    E beija molhado.
    Voa periquita...

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